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95% de mutilação e queimaduras poderiam ser evitadas, diz especialista
Publicada em 20/06/2016


 

Foto: Arquivo/Correio24h


Acostumado com a infância em Cruz das Almas, o aposentado E M (que preferiu preservar a identidade) tentou improvisar uma espada para mostrar aos vizinhos sua performance tão elogiada na juventude. Com um tubo de pvc, limalha de ferro e pólvora, ele ligou o artefato na rede elétrica na casa de um vizinho, uma vez que a esposa havia proibido definitivamente a confecção da espada em casa. O resultado da brincadeira o fez perder os dois olhos, fraturar o crânio na área próxima à boca, teve queimadura de vias aéreas superiores e ficou em estado gravíssimo. Apesar de tudo, ele sobreviveu para contar a história.

O cirurgião plástico Carlos Briglia, coordenador do Centro de Tratamento de Queimados (CQT) do Hospital Geral do Estado (HGE), lembra que, em Salvador, a proximidade dos festejos juninos aumenta os riscos de acidentes provocados por fogos de artifício, especialmente as mutilações de membros superiores. “Nos quatro dias próximos à data do São João, temos um aumento de 20% nesses casos, mas vale ressaltar que 95% dessas situações poderiam ser evitadas”, enfatiza o médico, ressaltando que as pessoas devem estar atentas e muito cuidadosas ao manusearem superfícies quentes. “Aliado a isso, é preciso sensibilizar a população para os cuidados na improvisação de fogareiros, instalação de sistemas elétricos e o manejo de álcool e pólvora”, completa.

“As pessoas fazem coisas inacreditáveis nessa época do ano que, quando não provocam queimaduras, podem provocar mutilações irreversíveis”, conta a presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Bahia, Cristina de Menezes. Para buscar mudar a cultura do manejo de fogos de artifício e demais materiais inflamáveis, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Queimadura (SBQ) lançaram uma campanha de alerta contra o uso inadequado de fogos de artifício. Com o lema ‘Eliminando os riscos é possível passar longe das queimaduras’, a iniciativa pretende mobilizar educadores, profissionais de saúde, líderes comunitários e a população em geral para a importância de medidas de prevenção das queimaduras.

A iniciativa se justifica quando se sabe que as queimaduras fazem cerca de um milhão de vítimas por ano no Brasil e, quando os acidentes não levam à morte, deixam sequelas permanentes.

Segundo dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estadual da Bahia (Sesab), esse ano foram registrados um total de 698 atendimentos de casos de queimaduras provocadas por diversos agentes, sendo 24 casos relacionados à explosão de bomba. No ano passado, no mesmo período, foram 697 casos de queimaduras, com 23 por explosão com fogos de artifício e bombas.

Crianças
A cirurgiã Cristina Menezes destaca que as bombas e as espadas são as responsáveis pelos ferimentos mais graves. “A curiosidade e a imprudência são as causas que levam as pessoas a se machucar. Quando uma bomba não explode, é comum que as pessoas tentem verificar o que causou a falha, sem cuidado algum. É nesse momento que, normalmente, a bomba explode, provocando danos irreversíveis”, afirma a cirurgiã plástica, destacando que crianças e adolescentes são os mais atingidos, seguidos dos homens. “A quase totalidade dos atendimentos pertence ao sexo masculino e, infelizmente, as crianças”.

A médica lembra que até mesmo as ‘cobrinhas’ merecem atenção pois costumam grudar nos cabelos, causando muito estrago. Em casos de mutilação de membros superiores, a médica diz que o índice de sucesso em casos de reimplante é de 80%. “Esse percentual, porém, cai em casos de mãos atingidas por fogos de artifício, pelo alto nível de destruição dos tecidos o reimplante é impossível de ser realizado”, completa a cirurgiã.

O representante da Sesab, o médico Carlos Briglia destaca que, diariamente, cerca de três pacientes são atendidos no CTQ e que, pelo menos, um dos casos exige internação. As áreas mais afetadas são o rosto, membros superiores e órgãos genitais. Com uma postura parecida, o coordenador do Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, Marius Wert pede que as pessoas evitem soltar qualquer tipo de fogos de artifício quando estiverem ingerindo bebidas alcoólicas.

A Coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Estácio da Bahia, Gabriela Oliveira Sena, diz que o uso de fogos deve ser evitado por crianças ou realizado sempre com a supervisão de um adulto. Outra recomendação da professora é que os fogos não devem ser estourados direto na mão. “Sempre que os fogos forem utilizados é importante não estourá-los próximos às residências e nem na mão”, diz.

Cuidados
Carlos Briglia lembra que os primeiros cuidados em casos de queimaduras são muito importantes. “Em caso de queimadura, não devem ser usadas pomadas nem soluções caseiras. A região afetada deve ser lavada com água corrente e protegida com uma compressa úmida. Em seguida, o paciente deve buscar atendimento em uma unidade de saúde”, ensina.

Gabriela Sena destaca que a pele é o maior órgão do corpo humano e exerce diversas funções importantes para a sua saúde. Entre elas, a de proteção do organismo, por isso cuidar de uma queimadura com procedimentos caseiros é um risco à saúde, podendo ocasionar infecções graves”, afirma Gabriela. “Não é recomendável passar no local afetado produtos como sal, água com açúcar, gelo, ovo, óleo, manteiga ou pasta de dente. Mas, infelizmente, essa prática ainda ocorre e oferece riscos”, complementa. A enfermeira destaca que o procedimento correto é lavar a lesão com água fria por 10 minutos. “Não pode ser água gelada, pois há o risco de um choque térmico, causando danos como necrose da pele. Também é importante evitar passar a mão suja no ferimento ou cobrir a área lesionada com algodão. As vítimas de queimaduras não devem tirar a pele da área afetada para não agravar a situação”.


Fonte: Correio24h

 
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